Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)
Depois que o professor Luiz Felipe Miguel, da Universidade de Brasília, propôs uma disciplina complementar sobre "O golpe de 2016 e o futuro da democracia no Brasil", cerca de 30 instituições de Ensino Superior no país seguiram a ideia e começaram a oferecer cursos com a mesma temática. A informação é da professora Marília Budó, do Departamento de Direito da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Ela conta que o movimento de implementar cursos com o mesmo nome em outras universidades se deu em apoio ao professor Miguel, que, segundo ela, tem sofrido perseguição depois de propor a disciplina com essa temática.
Marília diz que, com o histórico que tem, a UFSM não poderia ficar de fora, e também oferta o curso de extensão Golpe de 2016 e o Futuro da Democracia no Brasil. As inscrições estão abertas até 30 de abril e, inicialmente, oferta 50 vagas. A professora, que é uma das organizadoras do curso de extensão na UFSM, diz que, até o meio-dia da última quarta-feira, cerca de 30 pessoas já tinham feito inscrição.
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Marília diz que a comissão organizadora do curso de extensão avalia a possibilidade de ofertar mais 50 vagas para o curso, pois o auditório do Centro de Ciências Sociais e Humanas (CCSH), onde a atividade será ministrada, tem capacidade para 120 pessoas. A oferta de mais vagas dependerá da procura pelos estudantes, professores e interessados.
O curso será aberto a toda a comunidade santa-mariense, tendo como objetivo trazer uma reflexão dialogada, que promova a interação entre o conhecimento acadêmico e as percepções sociais. Os participantes que obtiverem 75% de presença receberão um certificado de 40 horas.
O CURSO
O primeiro módulo terá os encontros sempre aos sábados, com início em 5 maio, e encerramento em 7 de julho, das 14h às 17h, no auditório do Centro de Ciências Sociais e Humanas (CCSH), localizado no prédio da antiga Reitoria, na Rua Floriano Peixoto, 1.184, no Centro. O ponto de partida dos debates é o impeachment da ex-presidente da República, Dilma Rousseff, em 2016, com reflexões sobre as consequências políticas desse fato em diversas áreas de conhecimento.
Organizado no formato de mesas, formadas por professores da UFSM, o curso constrói um espaço de debate acadêmico. Marília diz que não há limite de faixa etária para quem quiser de inscrever, nem de grau de formação. Ela avalia que quanto mais variado for o público, melhor e mais rico será o debate.
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- Não temos restrições de quem pode participar e, inclusive, achamos que visões diferentes agregam ao debate. Reforçamos que o curso não é palanque, não é partidário, e, sim, uma proposta acadêmica para ampliar o debate - explica Marília.
As abordagens e a programação do curso estão disponíveis em um evento do Facebook chamado "Curso UFSM: O golpe de 2016 e o futuro da democracia no Brasil" . Os professores da comissão organizadora são de variados cursos da universidade, portanto, os debates não ocorrem apenas pela abordagem do âmbito do Direito.
Como se inscrever
- Interessados têm até 30 de abril para fazer o cadastro:
- Pelo e-mail inscricaogolpe2016@gmail.com
- Pelo formulário
- Ou presencialmente na Secretaria do Curso de Direito da UFSM, no 4º andar da Antiga Reitoria, no Centro, das 8h ao meio-dia
É preciso ter em mãos um documento de identidade.
Especialistas divergem sobre proposta do curso
A maneira na qual a temática do curso é apresentada, "O golpe de 2016 e o futuro da democracia no Brasil", chama a atenção e divide opiniões nos mais variados segmentos, mesmo entre profissionais que estudam política e o comportamento humano.
O sociólogo Tarcísio Moro conta que percebeu um movimento de diversas universidades do país que ofertam cursos com o mesmo nome da proposta da UFSM, mas acredita que boa parte da população não esteja interessada nessa temática. Ele reforça que um curso que se apresente desta forma não tem intenção de debate e sim em ser uma propaganda político-partidária.
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- Quem pensa isso não sou eu, é o Ministério Público Federal que, em vários Estados, entrou com representações contra estes cursos, disciplinas complementares e afins. Se percebe que usar a nomenclatura "golpe" no nome é propositalmente para chamar a atenção - avalia Moro.
Já o cientista político Dejalma Cremonese diz que a universidade é um universo de saberes, e que qualquer assunto pode ser esperado de um curso de extensão. Ele acredita que a democracia na atual conjuntura política é um tema que rende fragmentações para debates, ainda mais dentro da comunidade acadêmica.
- Eles estão chamando de golpe, o que pode ser uma forma de definir o assunto. Mas é um trabalho de extensão na qual é oferecida a proposta de debate, e esse é um dos objetivos da extensão acadêmica. O importante é a discussão política - opina Cremonese.